top of page

Conquista da Face Oeste no Baepi

Dia quatro de junho de dois mil e dezessete eu e o Marcos Ferraretto chegamos ao cume do Baepi, na Ilhabela, pela face rochosa no terceiro ataque de dois dias. Batizamos a conquista de Face Oeste.

Nossa proposta era encontrar um percurso sem usar corda. O primeiro ataque foi realizado nos dias onze e doze de fevereiro. Subimos pela trilha que segue pela cresta sul até o cume, na cota 750 entramos a esquerda pra tentar chegar ao pé da parede. Depois de muito sufoco no mato saímos no meio de uma parede bastante inclinada e cheia de bromélias, estávamos muito longe da base da nossa linha vislumbrada em fotos, teríamos que descer quase duzentos metros para contornar um dorso intransponível e já passava da metade do segundo dia: retornamos sem sucesso.

O segundo ataque foi vinte e nove e trinta de abril, saímos na cota 635, onde tem uma placa da prefeitura. No inicio estava um pouco mais fechado, mas logo parecíamos estar seguindo um percurso recém-percorrido o que facilitou a progressão. Já no final do dia chegamos à base da parede onde montamos o local do bivaque. No dia seguinte entramos na parede pelo percurso imaginado, mas depois de em torno de cem metros de ascensão chegamos a um local de uns trinta metros praticamente vertical com uma selva caindo parecendo uma avalanche verde parada. Além disso, já tinha certa exposição, corda seria necessária. Ficou como projeto.

No ataque final chegamos cedo ao local de bivaque, afinal já conhecíamos o caminho. A ideia era descansar bastante, pois a subida seria extenuante, assim partimos do bivaque às dez da manhã, cota 650. O início a gente já conhecia e fomos rápido aproveitando que o sol ainda estava atrás da montanha. Seguimos reto por uma aderência de segundo grau até um platô, onde fomos para a direita fugindo da parede vertical a nossa frente. Quando a inclinação diminuiu conseguimos ascender por uma sequência de platôs, sempre entre bromélias, outras plantas e até pequenas árvores. Novamente a parede ficou mais vertical e seguimos um pouco mais para a direita. Novamente um curto movimento na grossa aderência, mas a inclinação já caiu um pouco e seguimos por uma bela parede cheia de bromélias, seguimos entre elas usando a aderência da rocha até chegar num outro sistema de platôs. Tentamos forçar por um trecho mais vertical, mas ficou como outro projeto pra futuro ataque com corda. Assim tivemos que, novamente, ir mais à direita, onde, depois de passada uma canaleta ascendemos por um belo dorso coberto por bromélias. Quando o mato virou uma selva viramos à esquerda em direção a uma parede que lembrávamos por foto e não demorou pra ela aparecer, contornamos pela direita e logo a inclinação foi caindo rapidamente. Quando parecíamos estar chegando ao cume uma fenda de uns dois metros de largura e meia dúzia de profundidade apareceu no nosso caminho. Depois de descartar tentar pular contornamos pela direita. Não demorou pra encontrarmos uma ponte de pedra que nos levou direto ao cume.

Quem quiser repetir recomendo pegar mais informações conosco e se preparar para uma grande aventura. Pretendemos repetir em breve para limpar melhor e talvez até alterar o trajeto em um ponto que pode ter ficado um pouco exposto.

Boas Escaladas,

Cristiano Vianna

Destaque
Tags
Nenhum tag.
bottom of page