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Conquista da Variante Secular no Baepi


Amarelo - Variante Secular | Vemelho - Face Oeste | Preto - Projeto

CONTEXTO No dia vinte e quatro de junho de dois mil e dezessete eu e Cristiano Vianna conquistamos a via "Face Oeste" no Pico do Baepi, com a proposta de subir em segurança sem a utilização de corda. Durante essa escalada chegamos a um local em que a rocha fica mais vertical, apresentando uma passagem técnica de poucos metros que chegava a um promissor sistema de platos, nesse momento chegamos rapidamente ao consenso de buscar uma passagem mais fácil, mantendo constante o grau. Também ficou nítido que ali havia um novo projeto.

CONQUISTA Todo o empenho dedicado à aproximação e escalda da "Face Oeste" foi aproveitado na Conquista da "Variante Secular", o preparo foi focado na escalada dos seus 50m. A comparação é inevitável, na primeira escalamos sem corda, aplicando técnicas conhecidas no seculo XVIII, na segunda, além da corda, levamos sapatilha e camalots. É sutil a diferença, mas para percorrer os 50m da variante, usamos um século* de evolução técnica no montanhismo. * a rigor foram três séculos, pois usamos corda dinâmica, solado vibram e camalots.

RELATO Entramos na parede no dia vinte e seis de agosto de dois mil e dezessete, a aproximação foi realizada na véspera e dormimos na base. A escalada da via "Face Oeste" começou acima das nuvens em um dia ensolarado e de temperatura amena. Ficamos protegidos do Sol até vê-lo aparecer por cima da montanha, aproveitamos os últimos minutos de sombra para fazer uma pausa antes da grande canaleta que leva a via para a direita. Aproveitamos para fazer um reconhecimento à esquerda da linha, lá encontramos uma chapeleta e um grampo p antigos**, ambos na mesma horizontal, distantes cerca de 5 metros um do outro, não encontramos nenhuma outra proteção e não conseguimos ter certeza da linha ao qual pertenciam. Seguimos pela linha da "Face Oeste", aprimorando algumas marcações de trajeto em galhos de árvores com um cordim de 3mm. INDICAMOS A BIFURCAÇÃO INSTALANDO DOIS CORDINS NO MESMO GALHO, à direita segue a "Face Oeste", e à esquerda a "Variante Secular". Os próximos metros já eram conhecidos, pois durante a primeira conquista tentamos seguir por este caminho, mas acabamos regressando devido à dificuldade.

Era hora de calçar a sapatilha e se encordar para o lance mais técnico da escalada, que foi superado rapidamente, acima a rocha fica mais positiva, mas precisa ser escalada para chegar até uma árvore onde montamos uma base (é possível rapel). O segundo largo segue para a esquerda por um amplo plato, depois de alguns metros encontramos uma chapeleta com uma fita muito antiga e ressecada**, possivelmente usada para abandono. A partir desse ponto, entramos no trecho mais exposto da escalada, agravado por um fluxo de água que precisávamos cruzar, é um lance fácil, mas com muito limo, a queda seria um pêndulo na chapeleta. Um pouco mais acima foi possível fazer uma base com dois camalots e uma árvore para chamar o segundo, nessa mesma base nos desencordamos e entramos na floresta de arbustos, após alguns minutos chegamos na linha da "Face Oeste". A Via segue serpenteando os platos da parede com alguns lances de aderência que não saem de graça. Esse último trecho da via ainda está pobre em marcações, portanto é necessário atenção para encontrar a linha que alterna trechos de rocha com mato pisado. Apesar de termos implementado melhorias na marcação do trecho inicial, recomendamos aos que pretendem repetir que entrem em contato para maiores informações. ** Procuramos relatos sobre conquistas antigas, encontramos algumas informações sobre uma tentativa do CAP no ano de 89, mas não há relato ou croqui, caso o leitor tenha informações, favor entrar em contato.

Marcos Ferraretto

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